Forcado, símbolo deIdentidade Nacional – Por Duarte Viegas
Crónica da primeira corrida da temporada taurina no Campo Pequeno – Forcado, símbolo de Identidade Nacional
Deu-se início a mais uma temporada taurina “escassa” na praça de toiros do Campo Pequeno.
Os carteis provocaram um debate aceso nas redes sociais, primeiro, por não existir uma única corrida mista, segundo, sobre se, a temporada estava ao nível que a Catedral merece, terceiro, o número reduzido de corridas.
Nos tempos que correm, não é nada fácil montar corridas ao nível que do Campo Pequeno, mas temos que reconhecer, o valor e o esforço dos empresários, em conseguir reunir os intervenientes justificáveis para esta praça tão importante no panorama taurino nacional.
Noite calorosa a que se viveu ontem no Campo Pequeno. O grande ambiente que se viveu, antes do início da corrida previa-se um bonito serão de toiros na capital. Uma moldura humana, cheia de glamour e charme.
O curro de Murteira Grave estava com escassez de apresentação para uma praça com a categoria do Campo Pequeno. Em termos de comportamento deixando a desejar. O 4º toiro foi um toiro de nobreza e prontidão nos cites.
Abriu a noite João Moura Jr. diante de um toiro com mau estilo e reservado. A lide foi complicada, com o cavaleiro a ter várias passagens em falso e a sofrer toques na montada.
A primeira pega foi consumada à 1º tentativa, pelo GFA Santarém, por intermédio de João Faro. O forcado executou uma pega rija, aguentando a pronta investida do toiro, com o grupo muito coeso nas ajudas.
Segundo toiro da noite lidado por Marcos Bastinhas.
O cavaleiro apresentou uma lide de mais a menos. De saída, recebeu o toiro à porta dos curros e levou o toiro à garupa até aos meios, dobrando-se bem. Os dois ferros compridos que cravou foram corretos. O momento alto da sua lide foi na cravagem do 1º curto.
A segunda pega foi consumada de cernelha pelo GFA Montemor, por intermédio do cabo António Cortes Pena Monteiro e Joel Santos. A cernelha acabou por ser uma má decisão do grupo, devido ao facto do toiro nunca se conseguir encabrestar e ter sentido, tendo a cernelha sido consumada à 2º tentativa, após ter soado o primeiro aviso.
Terceira lide foi protagonizada por António Telles Filho.
O cavaleiro teve uma atuação esforçada e a tentar fazer as coisas bem feitas, pena o toiro se revelar reservado e pouco colaborador. Mesmo assim, a fase final merece destaque, com a cravagem de um ferro de palmo de enorme valor.
A terceira pega ficou a cargo de Francisco Cabaço, do GFA Santarém, à 1º tentativa. Uma grande pega. Um hino à arte de pegar toiros.
O quarto toiro, lidado por João Moura Jr. foi o toiro da corrida que demonstrou a nobreza e a prontidão nos cites. Pena o cavaleiro não ter estado à altura do toiro, nem o ter entendido. Mostrou um ar da sua graça, com duas “Mourinas” já na parte final da sua lide, a segunda de grande impacto.
O quarto toiro da noite foi pegado por Francisco Borges, do GFA Montemor, à 1º tentativa. O veterano forcado esteve em bom plano, a citar com classe, fechando-se bem e o grupo a mostrar-se coeso nas ajudas.
O quinto toiro foi lidado por Marcos Bastinhas. Neste toiro, Marcos implementou o seu toureio, diante de um toiro que não complicou. Terminou a sua atuação com um ferro de palmo e um par de bandarilhas, deixando o público em êxtase. No fim, acabou com um jeito muito familiar, lembrando o saudoso Joaquim Bastinhas.
A quinta e penúltima pega, pelo GFA Santarém, à 1ª tentativa, por intermédio de Joaquim Grave. O forcado realizou uma pega de enorme técnica, fechando bem na cara do toiro e aguentando um ou outro derrote que o toiro deu durante a viagem. Mais uma vez, o grupo mostrou coesão nas ajudas.
A sexta e última lide da noite esteve a cargo do mais jovem do cartel, António Telles filho. António praticou a génese do toureio da casa. A forma esclarecida e decidida como cravou os três últimos ferros curtos é de louvar. O último curto que cravou foi com a marca da casa. Tenho pena que o público não tenha reconhecido esta atuação, com a empolgância que teve o final da sua primeira atuação.
A última pega da noite, esteve a cargo do GFA Montemor, à 2ª tentativa, por intermédio de José Maria Pena Monteiro. Na 1ª tentativa, o forcado sofreu um derrote que o impediu de se fechar na cara do toiro. Na derradeira tentativa, realizou uma boa pega, com a ajuda do seu irmão, o cabo e 1º ajuda, António Cortes Pena Monteiro.
No final, foram entregues os troféus “Nuno Megre” para melhor grupo e “João Cortes” para melhor pega, tendo vencido em ambas o grupo de Santarém.
A praça do Campo Pequeno registou uma entrada de ¾ fortes da lotação, faltando muito pouco para esgotar na totalidade. Mostrou-se que a afición na capital está viva e que somos uma nação valente.
Duarte Viegas