Triunfo de Tomás Bastos em tarde soporífera de conteúdo
A caminhar para o final da temporada taurina, Vila Franca é o palco das grandes emoções. A Feira Taurina de Vila Franca desperta o interesse do aficionado. Prova desse facto é a grande afluência registada nos últimos anos.
Com cartel alterado, algumas questões se levantam e prendem-se com o facto de a empresa não ter encontrado argumentos para substituir o matador David de Miranda, que fora colhido na véspera. Porque não apostaram numa contratação de outro matador espanhol? Ou dar oportunidade a um toureiro português? Não entendi esta opção da reformulação do cartel, pois com mais 2 toiros para a lide a cavalo, a tarde de toiros revelou-se um pouco desvirtuada.
O curro de Murteira Grave, destinado à lide a cavalo, estava bem apresentado, mas desigual de tipo e de hechuras. Os dois novilhos para a lide a pé, foram cómodos de presença e de desigual comportamento. Melhor o 1º do lote.
Francisco Palha, mostrou-se num nível discreto. Os seus toiros não eram fáceis e esperavam no momento do ferro. As passagens em falso e vários toques acabaram por ditar duas atuações muito escassas de conteúdo.
Tristão Ribeiro Telles, teve duas atuações díspares de conteúdo. A primeira atuação foi muito chegada ao público e viu-se muito auxiliado pelos bandarilheiros em colocar o toiro para a cravagem do ferro. Foi na segunda atuação que atingiu os melhores momentos da tarde. O melhor ferro foi o 2º ferro curto onde demonstrou sentido de lide.
O grupo de Vila Franca, teve uma tarde fácil, com um grande sentido de entreajuda em contornar as dificuldades dos toiros Grave.
Foram caras Rodrigo Camilo à 1 tentativa numa pega de fácil execução, Lucas Gonçalves à 3 tentativa diante de um toiro que derrotava e áspero de investida e com o grupo a revelar uma boa coesão nas ajudas, Guilherme Dotti numa boa pega à 1 tentativa e Rodrigo Andrade à 1tentativa.
Tomás Bastos é a grande esperança do toureio a pé nacional. Os seus mais recentes triunfos nas arenas espanholas fazem sonhar os aficionados. Porém, o seu toureio ainda está numa fase de amadurecimento. Em Vila Franca, viu-se duas versões do seu toureio.
De saída, mostra um variado reportório de toureio de capote. Na muleta, fico com a primeira atuação do seu lote, onde apontou um toureio largo e de grande profundidade, aproveitando as nobres qualidades do novilho pelo piton direito, já que pelo piton esquerdo o novilho não era muito claro.
Na segunda atuação, viu-se um toureio “moderno” e de muito valor, apostando num toureio em curto e que depressa levantou o público dos seus assentos.
No final, deu três voltas à arena e foi levado em ombros pela porta grande num ato de triunfalismo.
Coloco a seguintes questões: Será que a Palha Blanco estará a perder a sua essência da sua exigência? Ou será que os aficionados de hoje são demasiado benevolentes?
Dirigiu a corrida a delegada técnica Lara Gregório Oliveira, sem grandes destaques a apontar.
A Palha Blanco, registou uma entrada a rondar os ¾ fortes.
No início, foi homenageado o bandarilheiro Rui Plácido, que se despediu das arenas.
NOTA: por não termos sido acreditados a foto de destaque é meramente ilustrativa, não corresponde à corrida em questão.
Pela mesma razão, o nosso cronista pagou o seu bilhete e, por consideração aos artistas atuantes e aos aficionados, escreveu a crónica.
Duarte Viegas