CRÓNICAS

Em Beja, Tristão marcou a noite

A Praça de Toiros José Varela Crujo registou ontem uma bonita moldura humana que rondou os 3/4 da lotação para receber um cartel variado, com seis cavaleiros de estilos diferentes, três grupos de forcados com ligação à terra e seis toiros de uma das mais creditadas ganadarias do panorama taurino nacional.
Nota positiva para o facto de esta lotação ter sido registada numa noite em que se realizaram cinco corridas à mesma hora em terras lusas, o que mostra que a tauromaquia tem força e, quando se aposta nas datas tradicionais, o público responde e vai à praça.

Os toiros da ganadaria Branco Núncio estavam irrepreensíveis de apresentação e variados de comportamento. O primeiro pediu as credenciais ao toureiro, esperava no momento dos ferros e arrancava quando persentia que podia colher. O segundo não fugiu muito ao comportamento do anterior, esperando e carregando após o castigo. O terceiro cumpriu, embora tenha vindo a menos com o decorrer da lide. O saído em quarto lugar era pronto para os capotes, mas revelou-se “indiferente” às montadas. Parou-se nos médios e de lá custou a sair. O quinto revelou também alguma fixação nos médios, mas quando saía era para colher, o que levou a alguns toques nas montadas e emoção às bancadas. O sexto destoou dos seus irmãos de camada. Revelou-se nobre e voluntarioso e deixou-se lidar de boa forma.

No que às lides equestres diz respeito abriu praça Luís Rouxinol que realizou uma lide de sabedoria, indo aos terrenos do toiro para deixar a ferragem da ordem. Destaque maior para o primeiro comprido, batendo ao pitón contrário, e para o segundo ferro curto. Terminou a lide com um ferro de palmo.

Sónia Matias veio a Beja no ano em que comemora 25 anos de alternativa. Realizou uma digna atuação, procurando dar a volta ao oponente, entrando-lhe nos terrenos. Cravou com muito mérito a ferragem da ordem, terminando com um ferro em sorte de violino que agradou ao público.

Manuel Telles Bastos foi autor de uma atuação que teve a sua melhor fase nos primeiros ferros curtos, sobretudo no segundo, em que viu o toiro a sair pronto e deixou um grande ferro. Contudo, a lide veio a menos e terminou com duas passagens em falso a anteceder a cravagem do derradeiro ferro da função.

Andrés Romero enfrentou-se com o toiro que menos opções de luzimento ofereceu. A sua atuação foi quiçá a que mais chegou ao público, sobretudo pelos adornos que realizou com as montadas. Mérito para o segundo curto em que pisou terrenos de compromisso. O terceiro teve espetacularidade. O público não lhe regateou aplausos.

António Prates realizou uma lide correta diante de um toiro que impôs as suas dificuldades. Procurou mexer-lhe nos terrenos e tirá-lo de onde este se sentia confortável. Teve algumas dificuldades em acoplar-se à investida do toiro, pelo que sofreu alguns toques na brega. Ainda assim, a atuação salda-se como positiva, cravando uma correta série de ferros, com destaque para o último, o melhor da série.

A um jovem toureiro que se quer afirmar pede-se que tenha vontade e que procure dar o máximo quando entra em praça. Tristão Ribeiro Telles realizou uma lide medida no tempo, mas desmedida na vontade de triunfar. Tudo o que fez foi bem feito, desde os compridos à série de curtos entrando pelo toiro dentro e saindo limpo de todas as sortes. Pelo meio, deixou bonitos apontamentos de brega ladeada. Noite importante deste jovem cavaleiro, na semana que antecede a sua confirmação de alternativa no Campo Pequeno.

As pegas estiveram a cargo dos Grupos de Forcados Real de Moura, de Cascais e de Beja, que disputaram o prémio para a melhor pega.

Pelo Real de Moura abriu praça José Maria Costa Pinto que depois de ter sentido dificuldades ao recuar na primeira tentativa, concretizou uma grande pega ao segundo intento contando com boa ajuda do grupo. Luís Branquinho fechou a atuação do Real de Moura concretizando também à segunda tentativa a quarta pega da noite.

Os Amadores de Cascais sentiram grandes dificuldades em levar de vencido o segundo da ordem. Ricardo Silva concretizou a pega ao quarto intento com as ajudas carregadas. Carlos Silva concretizou a única pega da noite ao primeiro intento, sendo esta a pega vencedora do prémio em disputa para a melhor pega.

Pelos Amadores de Beja, Pedro Fernandes concretizou ao bom segundo intento a pega ao terceiro da ordem. Fechou a corrida Alexandre Rato que aguentou uma longa viagem no primeiro intento, mas acabou por sair da cara do toiro. Acabou por consumar com mérito à quarta tentativa.

Dirigiu a corrida Domingos Jeremias assessorado pelo médico-veterinário Dr. Carlos Santana.

Tiago Correia

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