CRÓNICAS

O Coliseu celebrou os Académicos de Elvas

A noite de 26 de setembro de 2025 fica marcada para a eternidade na história do Grupo de Forcados Amadores Académicos de Elvas como a data em que o grupo comemorou, juntando antigos e atuais elementos, os seus 25 anos de história e como sendo o dia em que Luís Machado, terceiro cabo da história do grupo, passou o testemunho a Pedro Curião, que nesta noite assumiu as funções de cabo do seu grupo.

O público que preencheu mais de três quartos da lotação do bem cuidado Coliseu esteve toda a noite com o grupo da terra, apoiando nos momentos difíceis e rejubilando com os momentos de maior consagração.

Sendo a noite dos forcados, é imperativo que se comece por falar das pegas. Não foi redonda a noite do grupo que se encerrou com os seis toiros, mas houve algumas boas pegas e, sobretudo, momentos de muita emoção.

Abriu praça Luís Machado, o cabo que nesta noite se despedia. Na primeira tentativa não se conseguiu fechar para ficar. Na segunda viu o toiro esperar, encurtou distâncias, fechou-se para ficar e concretizou uma boa pega. Em seguida, como manda a tradição, teve lugar a passagem de testemunho e o cabo deu uma última volta à arena nestas funções sendo aplaudido de pé por todo o público.

Para o segundo toiro da corrida foi escolhido o forcado Luís Carvalho, que sofreu um violento derrote na primeira tentativa que não o deixou ficar na cara do toiro. Consumou de forma correta à segunda tentativa.

Pedro Curião, o novo cabo do grupo, bateu as palmas ao terceiro toiro da corrida. Na primeira tentativa não recebeu o toiro da melhor forma, pelo que não conseguiu consumar. À segunda, corrigindo os erros cometidos no primeiro intento, concretizou com mérito.

O quarto da noite foi pegado por Gonçalo Machado. Depois de uma primeira tentativa em que o ensarilhar do toiro não permitiu uma reunião correta, consumou uma muito boa pega ao segundo intento, sendo bastante aplaudido na merecida volta à arena.

Para o quinto o eleito foi Paulo Maurício. Foi responsável por aquela que foi a pega da noite e, quiçá, o momento da corrida. Teve um enorme par de braços para suportar os derrotes sofridos, fechando-se com uma vontade que não engana… quis ficar na cara do toiro! Grande pega! Destaque ainda para a boa prestação do primeiro-ajuda.

A última pega da noite constituiu o momento de maior dificuldade para o grupo. João Pedro Restolho foi por três vezes à cara do toiro, acabando por sair lesionado. A pega acabou por ser consumada, na dobra por José Pedro Silva, com as ajudas carregadas à sexta tentativa.

Antes de analisar os restantes momentos da corrida, é importante referir que para chegarmos à última volta à arena foram necessárias aproximadamente 3 horas e 45 minutos. Imenso tempo para um espetáculo que se quer com ritmo e acaba por ser maçador para quem está sentado na bancada. Há que procurar uma solução que permita dar ritmo aos espetáculos.

Nesta noite foram lidados seis toiros da ganadaria São Marcos, bem-apresentados na generalidade, mas de escassa transmissão e denotando nalguns casos alguma escassez de forças. O primeiro não estava sobrado de forças, era de meias investidas, mas deixou-se lidar. O segundo
veio a menos com o decorrer da função. O terceiro teve mobilidade, mas faltou-lhe “som” na investida. O quarto viu as suas intenções subjugadas pela falta de condições físicas. Faltaram-lhe as forças, o que motivou que se acobardasse, sobretudo no momento dos ferros. O quinto não deu opções de luzimento ao cavaleiro que teve por diante. Fechou a corrida aquele que foi o mais colaborante dos seis. Foi nobre e voluntarioso, parecendo ainda assim exagerado o lenço azul com que foi premiado.

No que às lides equestres diz respeito abriu praça Luís Rouxinol com uma atuação correta, a ir a mais, com epílogo em dois ferros de palmo de bonito efeito, sobretudo o último.

Ana Batista teve uma lide pautada por alguma irregularidade, alternando bons ferros com outros com reuniões menos ajustadas.

Da lide de João Moura Caetano destacam-se alguns bons pormenores de brega, numa lide regular que terminou com dois ferros de palmo.

João Ribeiro Telles lidou um toiro algo debilitado fisicamente, o que condicionou a lide. Deixou a ferragem da ordem como pôde, recusando no final dar a volta à arena, embora permitida pela direção de corrida.

Miguel Moura não teve nesta noite matéria-prima para triunfar. Abriu a lide com um bom ferro comprido em sorte de gaiola. Da restante atuação destaque para o segundo ferro curto, em que o toiro saiu solto, resultando o ferro emocionante.

Fechou a noite António Prates com a lide que mais se destacou. Cravou com muita correção a ferragem da ordem, destacando-se na preparação das sortes e, sobretudo, nos remates dos ferros dobrando-se com o toiro em curta distância. Lide agradável do jovem cavaleiro.

Após as cortesias foram homenageados pelos 25 anos de existência o Grupo de Forcados Amadores Académicos de Elvas e pelos 25 anos de alternativa a cavaleira Ana Batista.

Durante as cortesias, respeitou-se um minuto de silêncio em memória do forcado Manuel Trindade.

Dirigiu a corrida Domingos Jeremias, assessorado pelo médico-veterinário Dr. José Miguel Guerra. No cornetim esteve Nuno Massano.

Tiago Correia

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