CRÓNICAS

Uma grande noite do Grupo da Vila 

A corrida de terça-feira noturna é carregada de simbolismo. É a noite de exaltação ao forcado vilafranquense. O grupo da Vila encerra-se com seis toiros. É um símbolo de identidade da corrida à portuguesa. A arte de pegar toiros, a raça, o crer e a ambição que demonstra o forcado vilafranquense, está na génese. 

A noite foi muito fria em termos de clima e de ambiente. O público de Vila Franca é “diferente” das demais praças do país. Tem uma particularidade muito própria. É ser exigente e esta teve de tudo um pouco. 

O curro de Canas Vigoroux estava bem apresentada, com a particularidade de os seis toiros serem de pelagem “Jabonero”. De comportamento, foram desiguais, destacando o toiro lidado em segundo lugar, que foi ovacionado no final. 

O toureio a cavalo continua a ser tema de conversa. Especialmente quando os nossos cavaleiros insistem em trazer “a lição estudada de casa” e praticar o seu toureio. Cada toiro tem sua lide e os nossos toureiros parecem que lhes falta alguma sabedoria para contornar as dificuldades. O que se assistiu foram seis atuações tiradas de uma fotocopiadora sem tinta. Portanto, em branco. 

João Ribeiro Telles teve duas atuações similares de conteúdo. Na primeira, podia ter entendido o seu toiro de outra maneira e faltou argumentos. Na segunda, manteve a mesma tónica. Foi uma noite correta. 

Miguel Moura obteve duas lides distintas. Na primeira, o seu toureio baseou-se numa em ladeios de qualidade. Esteve melhor na brega do que na cravagem dos ferros. No segundo, a sua lide foi correta. 

Salgueiro da Costa assinou duas lides muito semelhantes. A sua primeira atuação foi correta diante de um toiro com defeitos de visão e a adiantar-se à montada. Ao segundo, após ter sofrido uma queda sem grandes consequências, o seu toureio nunca atingiu outro nível. 

Nas pegas, o Grupo de Vila Franca exibiu-se a um nível de altíssima qualidade. Foi uma noite para recordar. 

Abriu, o forcado Miguel Faria consumando à 1 tentativa numa pega de grande nível, reunindo com grande técnica, aguentando um forte derrote, com uma grande coesão dos ajudas. Uma pega que pôs o público de pé. Sem dúvida a pega da temporada! 

A segunda pega esteve a cargo de Vasco Carvalho que consumou à 1 tentativa, superiormente ajudado pelo primeiro ajuda Diogo Duarte que teve um papel determinante na consumação da pega. 

Na pega ao terceiro da noite, o forcado Rodrigo Camilo concretizou à 1 tentativa uma pega fácil. 

Para a quarta pega da noite, foi para a cara Rodrigo Andrade, concretizando à 1 tentativa numa pega em que reuniu com decisão. 

Para a quinta pega da noite, o forcado Guilherme Dotti saiu lesionado da tentativa inicial, após ter sofrido um violento derrote. Foi para a dobra, o cabo Vasco Pereira assumiu a responsabilidade de consumar a pega. Pegou à 2 tentativa com ajudas carregadas. Terceira tentativa efetiva. 

Na última pega da noite, foi para a cara o forcado André Câncio consumando à 1 tentativa uma pega de enorme valor. 

A Palha Blanco registou uma entrada de ¾ fortes. 

Dirigiu a corrida o delegado técnico Rubén Fragoso, assessorado pelo médico veterinário Dr. José Luís Cruz. Critério muito desigual na concessão de música. 

Duarte Viegas

error: Conteúdo Protegido!